quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sobre o tratado da fúria e da lentidão - parte II

Conforme prometido aqui vai s segunda parte de uma teoria poética pouco convencional e explicada de modo bastante simplista. Caso naáo tenha lido a primeira parte veja um dos posts post abaixo ouprocure nos marcadores pelo tema "teoria furiosa".
Irei explicar primeiramente sobre o que é a fúria na poesia. Bom, quando se escreve um poema uma imagem (ou muitas imagens) aparecem na mente de quem escreve para surgirem, então, novas estórias e novos temas poéticos dentro do próprio texto ou de outros que serão escritos.
Não se deve esquecer que em meio às imagens poéticas há um ser de carne e osso, com vida real, que respira e anda como qualquer ser humano. Portanto há uma vida, um cotidiano onde a pessoa, neste caso o poeta, encontra-se com outras pessoas, apaixona-se, rebela-se e, assim, observa tudo ao seu redor para emitir sua opinião. É nesse contexto que pode surgir uma pergunta: o que faz uma pessoa ser poeta e outra não? Eu respondo: o que faz um ser humano ser médico e outro não? ou ainda, engenheiro mecatrônico, ou fisioterapeuta etc. Para dizer a verdade, não há uma resposta, mas o ato de escolher ser poeta é um fato que é, antes de tudo, peculiar ao restante dos mortais. Primeiro porque é algo individual e solitário (uma idéia que parece ser quase loucura para a sociedade moderna, mas ao mesmo tempo está em conformidade com o pensamento do modo de vida atual); segundo porque aquele que escreve poesia é um homem (no sentido geral da palavra), logo, um ser pensante. Então, todo mundo pode ser poeta?, pode perguntar alguém antecipadamente, e eu digo não. Acontece que o poeta possui habilidades de poeta, assim como o médico possui certas habilidades inerentes ao exercício de suab profissão. Ora, escrever é para o primeiro, como receitar é para o segundo.
Assim é a vida, com todas as suas diferenças, cada um vê o mundo a sua maneira. Enquanto alguns são mais matemáticos, outros são poéticos.
Ao escrever um poema junta-se tudo, sonho e realidade em imagens que, por sua vez são traduzidas por palavras; bem como uma imagem equação matemática pode ser convertida em figuras num programa de computador.
A expressão de um cientista é diferente da expressão de um artista, embora ambos possam falar de um memso assunto.
Para o poeta tudo passa pelos olhos. Mesmo quando é um devaneio pode-se dizer que existe a necessidade de enxergar, de visualizar o que está se dizendo no poema. O texto vai se configurando devagar, como a tessitura de uma vestimenta. Inconscientemente, ou não, o escritor procura um fator (ou estímulo) externo. Ocorre, dessa maneira, o que chamamos aqui de visão lenta do contidiano. Não existe ninguém que possa encontrar algo que procure se fazer isto de forma rápida e desleixada. Há nesta entrega da procura um ardor, o poeta dá-se por total a este ato de encontrar (ou deixar-se ser encontrado) pela imagem que estimule sua poesia. Daí resulta a teoria da fúria e da lentidão.
Imaginemos uma flor que se abre. Imagine, agora, ela se abrindo passoa a passo. Quanto tempo isto leva? Quantas pessoas já presenciaram este fenômeno? Eu vi isto somente em documentários sobre a natureza, onde existe uma câmera deixada por muitos dias no lugar onde está a flor e. Depois de gravada a imagem, o editor acelera as imagens para vermos todas as fases das pétalas se abrindo.
O poeta é assim, como um cineasta. Grava o que acontece em câmera lenta perto de nós, mas ninguém observa por ser tão lento que, se parássemos para observar não faríamos mais nada durante aquele dia. Daí a falsa impressão de que o poeta não faz mais nada da vida ou que o poeta é um eremita. Não o é.
O escritor observa tudo o que é "fato de vida". Uma criança dentro da barriga da mãe é um fenômeno lento e devagar, a formação do corpo humano é lento e furioso, ou seja, é expontâneo, devagar e pouco observado no que diz respeito a cada segundo de crescimento do feto.
Fúria e lentidão, então, está presente em tudo o que acontece naturalmente, como qualquer movimento de esticar um braço para se pegar um objeto que está longe, ou bocejar pela manhã. Não há muita explicação porque simplesmente acontece. São poucas as pessoa sque observam e vêem as coisas ao redor em câmera lenta, em slow motion como diriam os cineastas.
Enfim, iste assunto poderia se estender por horas, mas continuaremos num próximo post. Por enquanto é tudo e nada mais. Abraços a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...