quarta-feira, 24 de julho de 2013

Encomenda de Mariana

























Encomendam-se pães,
encomendam-se produtos de limpeza,
encomendam-se roupas
mas nunca me pediram um poema.

Eu não sei se é por quilo,
não sei se é por litro
ou ainda se é por tamanho,
só sei que é de coração.

Se me pedissem o mundo,
se tivesse que lhe dar a lua,
eu faria um estudo profundo
para que minha palavra fosse tua

e juntando tudo numa frase
poderíamos ler para além
do poema, a expansão do universo.
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Testemunha


















Não tenhamos expectativas mais,
fiquemos apenas com a ocupação necessária
sem equívocos nem exercícios, só funções
e sejamos espectadores que gozam o momento
sem perder da criação a natureza deste mundo,
o espaço público onde permanece nossos recursos.

Dá-me de tua mão o passeio às ruas,
dou-te de meus olhos as paisagens,
troquemos as medidas de nossos corpos
e que a concepção de nossas experiências
sejam desde o início até um nosso encontro
vocação espontânea, pontos de vista ao acaso.

Assim sejamos pássaros beijando do céu
o desmanche da nuvem e o que ficar
dela para um outro momento passar
por outras gentes, outros contornos da vida,
um sopro que aspira ser terno
e uma eternidade que não aguenta um sopro.

Que a vida é curta para sermos sozinhos,
que a vida é frágil para corrermos perigos demais,
que a vida é conteúdo para todo esquecimento -
dos santos que abrigam nossa matéria dialética
e da natureza que habita a arte de unir humanos
pares em mesmo templo, sem fiar o amanhã.
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terça-feira, 16 de julho de 2013

Carta de um anjo aos que se encontram na terra - epístola secular






















Eu escrevo para trazer os amigos,
para rever situações,
balançar nos caminhos do vento
e pesar meus quilos
e medir o que cresci
e cantar o que se queima.

Eu escrevo para fazer o gol
da bola que bateu na trave,
vomitar o que não era fome,
tornar próximo o que se espera
e a vida tão estranha em seus fatos
e vir feitos que se ligam
como fotos com seus legados,
suas histórias que unem os tempos.

Por isso a escrita: para tocar a trombeta
que nenhum insensível pode ouvir.
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