sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Divagação Nº 01
























Eu não acredito nesta história de que os opostos se atraem. Idade e lugar não é relevante, porém algo que não se vê acontece entre algumas pessoas e as histórias vão se conectando. O que une as pessoas parece ser uma certa história comum, que perpassa pela vida, pelos corpos, por diferentes tempos, deixa marcas, imprime um certo olhar e nos fazem homens e mulheres com quereres iguais a alguns outros que estão por aí, espalhados no mundo, nos espelhando a alma. Quando um encontra o seu par, nele vê algo em comum, então ocorre o amor, mais do que dos corpos, o amor entre almas. E este é um fenômeno raro. Assim eu tenho visto, assim eu tenho mais que percebido, eu tenho sentido.
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domingo, 20 de outubro de 2013

Ciranda




















Uni-duni-se
universo-te,
o teu corpo inteiro-lhe
A si pertence-me.

Coração que bate-bate
coração que já é teu,
tem dia que é remate
e outros que nem nasceu.

Logo eu fui no tororó
ver teu corpo e me encontrei
que de nós foi feito nó
quando em ti eu me deitei:

ciranda, cirandinha
quero ver quem nunca amou,
quem guardou numa caixinha
seu amor que me entregou.

assim passa, passa o anel
e passam nossos dedos,
a boca sede ao mel
a pele esquece os medos.
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domingo, 11 de agosto de 2013

Arquitetura - Parte II


















Todo corpo por dentro é
feito de sangue, carências
e um ritmo que toca na face
os rubores das carícias

com seus pares se partindo,
com suas pernas se perdendo
e suas partes se apartando
para então se permitirem

em recomeço, nova junção
em uma só carne, um só cerne
da respiração que une dois corpos

num só elemento, numa só lama,
em frases de um só lema
que os guie para a mesma cama.
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Veja aqui a parte I:  Arquitetura - Parte I

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Encomenda de Mariana

























Encomendam-se pães,
encomendam-se produtos de limpeza,
encomendam-se roupas
mas nunca me pediram um poema.

Eu não sei se é por quilo,
não sei se é por litro
ou ainda se é por tamanho,
só sei que é de coração.

Se me pedissem o mundo,
se tivesse que lhe dar a lua,
eu faria um estudo profundo
para que minha palavra fosse tua

e juntando tudo numa frase
poderíamos ler para além
do poema, a expansão do universo.
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Testemunha


















Não tenhamos expectativas mais,
fiquemos apenas com a ocupação necessária
sem equívocos nem exercícios, só funções
e sejamos espectadores que gozam o momento
sem perder da criação a natureza deste mundo,
o espaço público onde permanece nossos recursos.

Dá-me de tua mão o passeio às ruas,
dou-te de meus olhos as paisagens,
troquemos as medidas de nossos corpos
e que a concepção de nossas experiências
sejam desde o início até um nosso encontro
vocação espontânea, pontos de vista ao acaso.

Assim sejamos pássaros beijando do céu
o desmanche da nuvem e o que ficar
dela para um outro momento passar
por outras gentes, outros contornos da vida,
um sopro que aspira ser terno
e uma eternidade que não aguenta um sopro.

Que a vida é curta para sermos sozinhos,
que a vida é frágil para corrermos perigos demais,
que a vida é conteúdo para todo esquecimento -
dos santos que abrigam nossa matéria dialética
e da natureza que habita a arte de unir humanos
pares em mesmo templo, sem fiar o amanhã.
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terça-feira, 16 de julho de 2013

Carta de um anjo aos que se encontram na terra - epístola secular






















Eu escrevo para trazer os amigos,
para rever situações,
balançar nos caminhos do vento
e pesar meus quilos
e medir o que cresci
e cantar o que se queima.

Eu escrevo para fazer o gol
da bola que bateu na trave,
vomitar o que não era fome,
tornar próximo o que se espera
e a vida tão estranha em seus fatos
e vir feitos que se ligam
como fotos com seus legados,
suas histórias que unem os tempos.

Por isso a escrita: para tocar a trombeta
que nenhum insensível pode ouvir.
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